AUTOMOBILISMO
O último Grande Prêmio de Motegi da tradicional Fórmula Indy, realizado na última madrugada de sábado para domingo, entrou para a história não só da categoria, mas também para a do automobilismo mundial. A piloto norte-americana Danica Patrick, até então criticada por alguns como "fruto da mídia" e elogiada por outros por fazer aos marmanjões da categoria, conseguiu nesta última etapa, no Japão, sua primeira vitória na carreira.
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Esta foi a primeira vitória de uma mulher na categoria. Danica, de 26 anos de idade, estreou na Indy em 2005, pela equipe Rahal-Lettermann, e chamou a atenção da mídia não só pela sua beleza, mas por ter sido, naquele mesmo ano, a primeira mulher a liderar a famosa 500 Milhas de Indianápolis e terminar a corrida num respeitadíssimo quarto lugar, outro fato inédito.
Mas as coridas começaram a passar, a piloto trocou a sua antiga equipe pela forte Andretti-Green, e mesmo assim os resultados não vinham, com a vitória batendo na trave em várias ocasiões. A pressão aumentou e junto vieram críticas, muitas delas afirmando que a corredora era mais uma "estratégia de marketing" para popularizar a categoria, do que uma piloto competente.
Eis que o cenário para a etapa de Motegi parecia ser o mesmo das últimas corridas. Primeiro, houve o adiamento na realização do evento em um dia por causa das chuvas que impossibilitaram o circuito oval de receber os carros na pista. Partindo da sexta posição no grid de largada, Danica fazia apenas uma atuação discreta, andando perto das posições que havia largado, sem ameaçar os líderes.
Mas nas últimas voltas, valendo-se de uma estratégia de economizar combustível, utilizada igualmente pelo brasileiro Hélio Castroneves, da Penske, a piloto começou a chamar a atenção. A poucas voltas do fim, os líderes tiveram que parar para fazer o conhecido splash-and-go, um reabastecimento rápido apenas para colocar etanol suficiente para terminar a prova. Sem precisar fazer a parada, Hélio e Danica assumiram as primeiras posições e caminhavam para o final da corrida, com o brasileiro na liderança.
Danica Patrick colocou seu nome na história ao ser a primeira mulher a vencer na F-Indy
Porém, Hélio havia economizado menos que a rival e teve que diminuir ainda mais seu ritmo para poder cruzar a linha de chegada, e com isso, foi ultrapassado por Patrick faltando duas voltas para o fim da corrida. Ao receber a bandeirada quadriculada, Danica mal comemorava, parecendo não acreditar que seu dia havia finalmente chegado, depois de 50 participações na categoria. O box da equipe era pura alegria, com o público acenando para a piloto, que estava visivelmente emocionada com a conquista. "Na hora, foi quase um anticlímax. Pensei 'aconteceu'. Logo depois, me perguntei se era sério, se eu tinha mesmo vencido. E aí, a emoção veio à tona", disse.
Com a vitória, Danica Patrick foi manchete em todos os jornais esportivos e, de quebra, assumiu o terceiro lugar na classificação geral do campeonato, sendo a melhor representante da sua equipe (Andretti-Green), que tem ainda como pilotos o brasileiro Tony Kanaan, o norte-americano Marco Andretti e o japonês Hideki Mutoh. Com o segundo lugar na prova, Hélio Castroneves aumentou ainda mais a sua vantagem na liderança do campeonato.
Com certeza, essa vitória tirou um peso muito grande das costas da norte-americana. E que esse feito sirva de incentivo às outras que tentam seguir os passos dela, mas que desistem no meio do caminho por falta de apoio ou "machismo" no esporte. Para constar, o Brasil em breve poderá ter a sua representante feminina na Indycar. Bia Figueiredo está correndo pela Indy Lights, categoria de acesso da F-Indy, e vem chamando muito a atenção da mídia, conquistando bons resultados e quase conseguindo sua primeira vitória logo na terceira etapa que disputou. Olho nela também!
foto 1: AP
foto 2: AFP