quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sacolas que não agridem o ambiente ganham espaço

A substituição das sacolas plásticas convencionais – as usadas cotidianamente pelos brasileiros – por formas alternativas está ganhando espaço no Brasil. As sacolas oxi-biodegradáveis, por exemplo, já são realidade em diversas cidades no país. Municípios como Maringá, no Paraná, e Amparo, em São Paulo, criaram leis que obrigam o comércio a utilizar as sacolas ditas ecológicas. “Demos prazo de um ano após a sanção da lei pelo prefeito para que todas as sacolas convencionais sejam substituídas”, diz o vereador da cidade do interior paulista, Donizete Urbano (PT), que é autor do projeto de lei. A Câmara dos vereadores de Campinas, SP, também aprovou, em 1ª discussão, um projeto de lei semelhante. Agora, espera uma segunda aprovação para depois ser sancionada pelo prefeito municipal.

A diferença das sacolas convencionais para as oxi-biodegradáveis está na fabricação. Ambas utilizam o petróleo como matéria-prima, porém, nas segundas, é incluído um aditivo que acelera a decomposição do material numa velocidade até cem vezes maior que a da convencional. Em números, o plástico que levaria de 100 a 500 anos, segundo estimativas, para desaparecer da natureza, leva aproximadamente 18 meses, conforme o ambiente no qual a sacola foi depositada. As sacolas degradáveis são sensíveis ao calor, à luz e à umidade.

A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou em junho de 2007 um projeto de lei que previa a obrigatoriedade do uso de sacolas oxi-biodegradáveis em todo o estado. O deputado Sebastião Almeida (PT), autor do projeto, justificou que a lei contribuiria para incorporar a reciclagem no cotidiano da população. “Essas medidas [de substituição das sacolas convencionais], com certeza, já serão de grande ajuda e os frutos será colhidos lá na frente”, diz o texto do projeto. O que o deputado não contava era com o veto do governador do estado, José Serra, ao projeto. Críticos a rejeição da lei acreditam que o lobby das indústrias de plásticos pressionaram o secretário de meio ambiente, Xico Graziano, a argumentar contra a proposta.


Um dos argumentos contra à adoção das sacolas degradáveis é o preço da fabricação. As sacolas biodegradáveis – que são feitas a partir de produtos orgânicos – são muito mais caras que a convencional. O mesmo não acontece com as oxi-biodegradáveis. “Caso o comerciante opte por sacolas plásticas feitas do petróleo, mas com o aditivo, o preço não passa de 3 a 5% do valor da sacola convencional. Em alguns casos, quando se trata de uma rede de supermercados, o valor não se altera para o comerciante, mas o impacto que estas sacolas causam ao meio ambiente diminui sensivelmente”, diz o presidente da Fundação Verde, Cláudio José Jorge.

Sacolas convencionais

As sacolas plásticas convencionais começaram a ser fabricadas em na década de 1970. Considerando que a estimativa do tempo de decomposição não é inferior a 100 anos, a maior parte dessas sacolas ainda está, de alguma forma, na natureza. Hoje, são produzidas 150 “sacolinhas” para cada pessoa.

Os sacos plásticos tornaram-se populares depois que os supermercados e lojas começaram a distribuí-los gratuitamente para empacotar as compras dos clientes. Outro fator é que com a possibilidade de estampar a marca do comércio nas sacolas, elas também viraram forma de publicidade barata para os empresários.

Hoje, as sacolas plásticas são uma das formas mais comuns de acondicionar o lixo doméstico da população. Cerca de 90%, segundo estatísticas divulgadas pela Revista Ciência do Ambiente On Line, da Unicamp, delas vão para os aterros sanitários e dificultam a decomposição de outros materiais que ali foram depositados.

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