ESPECIAL IMIGRAÇÃO
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Antes, o sonho era obter o “green card”, aquele visto que permite a permanência sem prazos nos Estados Unidos, agora, o sonho mudou de cor, está vermelho como o passaporte europeu. Desde a criação da União Européia, que permite a livre circulação de pessoas entre os países membros, os descendentes de italianos correm atrás da dupla cidadania italiana, a mais fácil de se obter entre os países europeus por ser transmitida “pelo sangue” ('jus sanguinis'), independente da geração, desde que conservando o lado paterno e para os descendentes de italianas nascidos após 1948. Para se comparar, a Espanha apenas concede a cidadania aos filhos de espanhóis e netos, desde que residam no país há pelo menos um ano ininterruptamente e faça o pedido lá; ou seja, poucos têm direito. No caso italiano, segundo a lei do país, todos os cidadãos brasileiros com ascendência italiana são também italianos desde o nascimento, logo, não há aquisição da nacionalidade, mas o reconhecimento dela.
Com o propósito de morar no velho continente, esses brasileiros recorrem ao governo italiano pois a cidadania dá o direito de morar e trabalhar na Europa sem ter a preocupação de vistos, ou seja, realizar o sonho de ganhar dinheiro, “fazer a vida” em euros e, muitas vezes, ajudar a família que fica no Brasil. Segundo a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre a Emigração Ilegal, cerca de cinco bilhões de dólares (moeda das transações internacionais) foram remetidos ao Brasil por via bancária pelos brasileiros que moram no exterior, cifra expressiva que contribui para a economia brasileira. Outro atrativo é que a Itália tem acordos com vários países que dispensam vistos para os cidadãos italianos, como os Estados Unidos.
Mas comer uma macarronada e poder, por exemplo, ver o Coleseo da janela do escritório não é o que busca a maioria dos brasileiros que tentam a cidadania italiana. Ao contrário, eles almejam trabalhar nos países que demonstram maior prosperidade econômica e oferecem maior número de vagas de emprego, como Inglaterra e Alemanha, e não vão ou permanecem na “grande bota”. Essa situação preocupa o governo italiano e o fez pensar em maneiras de conter essa evasão. Uma medida que foi estudada é a de aplicar uma prova de italiano nos que fazem o pedido da cidadania. O objetivo é que os que obtenham o direito falem, ao menos, o idioma, visto que essas pessoas têm maior probabilidade de ficar na Itália. Na França, por exemplo, a cidadania apenas é concedida para os que têm conhecimento da língua e da cultura francesa.
Porém, outros motivos fazem os brasileiros temerem morar na Itália. A crise econômica do país afasta os imigrantes de todo o mundo. Segundo o relatório do Ministério de Economia e Finanças Italiano de 2005, o país tem o pior desempenho entre os europeus. O PIB naquele ano não cresceu e a dívida pública era a segunda maior do mundo. “Fica difícil atrair imigrantes quando à volta existem países com maior crescimento. Outra coisa é que expressivo número das empresas do país é de pequeno porte e, por conseqüência da legislação trabalhista italiana, muitos empresários diminuem o número de funcionários para evitar problemas com sindicatos”, diz a italiana Bruna Branchi, professora de economia da PUC-Campinas.
A invasão de descendentes italianos preocupa outros países do bloco europeu. A Itália, por ter a lei mais flexível no direito à cidadania, está sendo pressionada a restringir o direito. Hoje, um bisneto de italianos pode trabalhar legalmente na Espanha, por exemplo, direito que um bisneto de espanhóis não tem. Ainda esse ano, a Itália pretendia mudar as regras para os “oriundi” – descendentes de italianos. As primeiras medidas que podem ser adotadas são: apenas filhos ou netos de italianos poderão reconhecer a cidadania; descendente de italianas nascidos antes de 1948 terão direito e os naturalizados poderão recuperar a cidadania italiana sem perder a dupla nacionalidade. “Hoje, concedemos o direto à cidadania, mas não as condições de obtê-la. Os limites serão mais estreitos, mas as prerrogativas de quem já está na fila serão mantidas”, diz Edoardo Pallastri, senador italiano que representa os cidadãos italianos da América do Sul. A publicação de matérias sobre as novas medidas é, para alguns, uma estratégia de “colocar medo” nos descendentes a fim que o número de pedidos diminua, mas que essas novas regras não entrarão em vigor. Porém, o governo italiano mostra que colocará as regras em prática em pouco tempo.
A busca da documentação necessária não é, porém, o pior inimigo dos brasileiros que pedem o reconhecimento da cidadania. As filas nos Consulados Italianos podem fazer o processo durar até quinze anos. “A fila está grande demais, pois faltam funcionários nos consulados para analisar todos os pedidos”, diz Lúcia Benatti, secretária do Consulado Italiano de Amparo/SP. O número de processos é assustador. Dos 760 mil processos de cidadania que já estão na Itália para análise, 500 mil são de brasileiros e 200 mil são de argentinos, segunda maior colônia de descendentes entre os países da América Latina. Nas últimas eleições italianas, em 2006, quando o senador Edoardo Pallastri foi eleito, ele afirmou que sua prioridade era aumentar o número de funcionários nos consulados. “Se a lei italiana concede o direito da cidadania aos descendentes de italianos, os consulados precisam estar preparados para que essas pessoas sejam atendidas”, disse o senador em entrevista à revista Veja logo após a eleição. “Mudanças podem acontecer nos consulados quanto ao número de funcionários, porém só acreditarei quando forem realidades. Já cansei de promessas”, complementa Lúcia. Mais de um ano depois da eleição e das promessas, tudo continua na mesma. Os descendentes ficam a ver navios, e bem longe do porto de Nápoles.
Uma alternativa encontrada para diminuir a espera é o processo direto na Itália, possível desde 1992. Com uma mudança na lei em 2002, os requerentes podem aguardar o fim do processo no país. Porém, são necessários procedimentos como a verificação da documentação pelo poder italiano e o descendente precisa, obrigatoriamente, residir em um endereço fixo, não em hotéis, o que aumenta as despesas. O processo na Itália dura cerca de seis meses. Depois de obter a cidadania, a maioria sai da Itália, mas continua com a idéia que na Europa os sonhos não têm limites, e melhor, também não têm fronteiras.
Com o propósito de morar no velho continente, esses brasileiros recorrem ao governo italiano pois a cidadania dá o direito de morar e trabalhar na Europa sem ter a preocupação de vistos, ou seja, realizar o sonho de ganhar dinheiro, “fazer a vida” em euros e, muitas vezes, ajudar a família que fica no Brasil. Segundo a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre a Emigração Ilegal, cerca de cinco bilhões de dólares (moeda das transações internacionais) foram remetidos ao Brasil por via bancária pelos brasileiros que moram no exterior, cifra expressiva que contribui para a economia brasileira. Outro atrativo é que a Itália tem acordos com vários países que dispensam vistos para os cidadãos italianos, como os Estados Unidos.
Mas comer uma macarronada e poder, por exemplo, ver o Coleseo da janela do escritório não é o que busca a maioria dos brasileiros que tentam a cidadania italiana. Ao contrário, eles almejam trabalhar nos países que demonstram maior prosperidade econômica e oferecem maior número de vagas de emprego, como Inglaterra e Alemanha, e não vão ou permanecem na “grande bota”. Essa situação preocupa o governo italiano e o fez pensar em maneiras de conter essa evasão. Uma medida que foi estudada é a de aplicar uma prova de italiano nos que fazem o pedido da cidadania. O objetivo é que os que obtenham o direito falem, ao menos, o idioma, visto que essas pessoas têm maior probabilidade de ficar na Itália. Na França, por exemplo, a cidadania apenas é concedida para os que têm conhecimento da língua e da cultura francesa.
Porém, outros motivos fazem os brasileiros temerem morar na Itália. A crise econômica do país afasta os imigrantes de todo o mundo. Segundo o relatório do Ministério de Economia e Finanças Italiano de 2005, o país tem o pior desempenho entre os europeus. O PIB naquele ano não cresceu e a dívida pública era a segunda maior do mundo. “Fica difícil atrair imigrantes quando à volta existem países com maior crescimento. Outra coisa é que expressivo número das empresas do país é de pequeno porte e, por conseqüência da legislação trabalhista italiana, muitos empresários diminuem o número de funcionários para evitar problemas com sindicatos”, diz a italiana Bruna Branchi, professora de economia da PUC-Campinas.
A invasão de descendentes italianos preocupa outros países do bloco europeu. A Itália, por ter a lei mais flexível no direito à cidadania, está sendo pressionada a restringir o direito. Hoje, um bisneto de italianos pode trabalhar legalmente na Espanha, por exemplo, direito que um bisneto de espanhóis não tem. Ainda esse ano, a Itália pretendia mudar as regras para os “oriundi” – descendentes de italianos. As primeiras medidas que podem ser adotadas são: apenas filhos ou netos de italianos poderão reconhecer a cidadania; descendente de italianas nascidos antes de 1948 terão direito e os naturalizados poderão recuperar a cidadania italiana sem perder a dupla nacionalidade. “Hoje, concedemos o direto à cidadania, mas não as condições de obtê-la. Os limites serão mais estreitos, mas as prerrogativas de quem já está na fila serão mantidas”, diz Edoardo Pallastri, senador italiano que representa os cidadãos italianos da América do Sul. A publicação de matérias sobre as novas medidas é, para alguns, uma estratégia de “colocar medo” nos descendentes a fim que o número de pedidos diminua, mas que essas novas regras não entrarão em vigor. Porém, o governo italiano mostra que colocará as regras em prática em pouco tempo.
A busca da documentação necessária não é, porém, o pior inimigo dos brasileiros que pedem o reconhecimento da cidadania. As filas nos Consulados Italianos podem fazer o processo durar até quinze anos. “A fila está grande demais, pois faltam funcionários nos consulados para analisar todos os pedidos”, diz Lúcia Benatti, secretária do Consulado Italiano de Amparo/SP. O número de processos é assustador. Dos 760 mil processos de cidadania que já estão na Itália para análise, 500 mil são de brasileiros e 200 mil são de argentinos, segunda maior colônia de descendentes entre os países da América Latina. Nas últimas eleições italianas, em 2006, quando o senador Edoardo Pallastri foi eleito, ele afirmou que sua prioridade era aumentar o número de funcionários nos consulados. “Se a lei italiana concede o direito da cidadania aos descendentes de italianos, os consulados precisam estar preparados para que essas pessoas sejam atendidas”, disse o senador em entrevista à revista Veja logo após a eleição. “Mudanças podem acontecer nos consulados quanto ao número de funcionários, porém só acreditarei quando forem realidades. Já cansei de promessas”, complementa Lúcia. Mais de um ano depois da eleição e das promessas, tudo continua na mesma. Os descendentes ficam a ver navios, e bem longe do porto de Nápoles.
Uma alternativa encontrada para diminuir a espera é o processo direto na Itália, possível desde 1992. Com uma mudança na lei em 2002, os requerentes podem aguardar o fim do processo no país. Porém, são necessários procedimentos como a verificação da documentação pelo poder italiano e o descendente precisa, obrigatoriamente, residir em um endereço fixo, não em hotéis, o que aumenta as despesas. O processo na Itália dura cerca de seis meses. Depois de obter a cidadania, a maioria sai da Itália, mas continua com a idéia que na Europa os sonhos não têm limites, e melhor, também não têm fronteiras.
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foto: Roberto Setton/Veja
8 comentários:
Bom saber disso, espero que tenha alguma coisa de sangue italiano nas veias, pois se tiver vou arrumar um jeito de ir para lá, principalmente parta a cidade que paga para os seus habitantes emagrecerem!
Até a primeira-dama, D.Marisa Letícia requereu a cidadania italiana para ela e para os filhos. Segundo ela, pensando no futuro...
Adorei o comentário!!!!
Muito bom humor pra ti nesse novo ano que está chegando e muita felicidade!
Usarei meu sobrenome Clemente, hehehe
Abração!!!!!!!!!!
Eu moro na suiça e é bem complicado de vir pra ca.. precisam de muitas coisas e tals.. mas me adaptei bem
essa da Italia é uma boa ein?
valeu pelo comentario no meu blog!
um grande abraço e feliz ano novo!
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Ô Trem Atoa Sô!
Trem Atoa - Ô Trem Atoa Sô
Nooossa.. interessante mesmo isso.
É a meta de muitos brasileiros sairem do país para poderem progredir, o problema é quando eles colocam o pé na realidade e veêm o quão difícil isso pode ser.
Adorei o blog :)
hasta entonces o//
Merda! Meus ancestrais são meros Portugueses ¬¬
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FELIZ ANO NOVO!
TemPraQuemQuer <<< Entra!
Muito boa postagem, Adílson!
Realmente esse processo via Itália de cidadania é o caminho mais prático e interessante para quem quer entrar no Velho Continente.
Só espero que esse fluxo considerável de pessoas não faça esse sistema ficar mais rígido em um futuro próximo, pois também pretendo em breve tirar a minha cidadania para poder entrar na Europa!
Abraços a todos e muitíssimo obrigado pelas visitas e comentários!!! Queria antecipar à todos desde já os meus votos por um Feliz Ano Novo...que 2008 seja um excelente ano!
a italia esta tao ruim das pernas assim? ah... mas mesmo assim eu ainda gostaria (tenho o sonho) de morar lá uns tempos!
Deve ser muito bom! imagino que as pessoas de lá sejam como as daqui.
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