quarta-feira, 27 de maio de 2009

Obina: folclore ou solução?

FUTEBOL

Na última segunda-feira, 25 de maio, o Palmeiras acertou a contratação do atacante Obina, que até então defendia as cores rubro-negra do clube carioca Flamengo. Mais do que uma mera aquisição de rotina do futebol brasileiro, a transferência de clube do centroavante ganhou destaque na imprensa, em várias facetas, sejam negativas ou positivas.

Como adendo, há de se afirmar que o número de rejeiçoes por parte da atitude da diretoria alvi-verde em trazer Obina para o plantel da equipe foi expressivamente maior do que os comentários positivos, sejam eles dados por jornalistas, pseudo-jornalistas, torcedores e corneteiros em geral.

Sob desconfiança de grande parte da imprensa e dos torcedores, Obina foi apresentado hoje ao Palmeiras e é o novo reforço para a temporada

Analisando friamente, não podemos dizer que a reprovação por parte da mídia sobre a chegada do ex-flamenguista seja de todo uma análise carrancuda e pessimista da situação. O histórico recente de Obina dá margens (e como!) para as críticas ao departamento de futebol do Palmeiras. Seguindo na contramão do que a sua função dentro de campo deve ser, o atacante de 26 anos não marca um gol desde novembro do ano passado, mais precisamente no dia 30, daquele mês, quando o Flamengo empatou com o Goiás em 3 a 3 pelo Campeonato Brasileiro. Ao todo, foram 17 jogos sem balançar as redes dos adversários, muita coisa para um atleta cujo ofício é o de marcar gols.

Porém, como o futebol é uma ciência inexata (e por isso tão apaixonante), alguns aspectos contam a favor do atacante, revelado no ano de 2002 pelo Vitória, da Bahia. Obina é sem dúvidas é um jogador bastante carismático, e também não possui um histórico polêmico. Mostra que é o chamado jogador "bom de grupo" e demonstra alegrar os ambientes por onde passa. Prova disso é que ele era idolatrado enquanto jogou no seu clube inicial, no Nordeste, e após se transferir para o futebol carioca logo cativou a mais numerosa torcida do país.

O carisma de Obina junto a torcida flamenguista foi tão grande que a massa rubro-negra o transformou num personagem folclórico, ou melhor exemplificando, uma espécie de "Biro Biro do século 21". Em uma canção bem-humorada, a torcida do Flamengo em várias oportunidades no lendário estádio do Maracanã entoou um forte e uníssono "Obina é melhor que Eto'o", fazendo uma comparação com o famoso e conceituado centroavante camaronês Samuel Eto'o, ídolo no Barcelona, um dos grandes clubes da Espanha e também do planeta.

A comparação entre os jogadores, obviamente, não tem cabimento, mas acabou virando um hit não só na torcida flamenguista, mas também usada como brincadeira por todos os amantes do futebol. Sendo assim, o "mito Obina" estava criado. Mas o atacante teve bons lampejos de jogador brilhante. Durante suas passagens por Vitória e Flamengo, colecionou algumas ótimas exibições, marcava ocasionalmente gols muito bonitos e, o principal de tudo, parecia estar predestinado a fazer a festa da sua torcida nas partidas mais decisivas. Não foi apenas uma vez em que vimos Obina sair do banco de reservas em uma partida de final de campeonato e, ao entrar em campo, marcar o gol do título de sua equipe. No Flamengo este fato ocorreu por diversas vezes, tanto no Campeonato Carioca como no Brasileiro.

Motivo de chacota, a aposta da diretoria palmeirense pode sim vingar. E caso Obina tiver um início de passagem pelo clube paulista acima das expectativas, logo ele pode conquistar o carinho dos fanáticos e exigentes torcedores alvi-verdes, que sem dúvidas passarão a entoar, assim como já fizeram antes os flamenguistas, o coro idolatrando seu mais novo matador. Apelidos já não faltam ao atacante por parte da torcida palmeirense. "Barack Obina" e "O-Bi-na-Libertadores" encabeçam a lista de descontraídas alcunhas que o atleta já vem recebendo dos torcedores de seu mais novo time.

Coincidência ou não, o Barcelona, de Eto'o, disputa nesta quarta, contra os ingleses do Manchester United, a grande decisão da Liga dos Campeões da Europa, torneio europeu interclubes que premia seu campeão com uma vaga no Mundial de Clubes da FIFA, a ser disputado no final do ano em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Já o Palmeiras, de Obina, vem fortalecido na Copa Libertadores da América e é apontado como um dos favoritos. Assim como o torneio europeu de clubes, a Libertadores, versão sulamericana da competição, também cede ao campeão uma vaga no Mundial de Clubes.

Caso Barcelona e Palmeiras cumpram seus objetivos e conquistem seus respectivos torneios, as duas gigantes equipes provavelmente se encontrarão no Oriente Médio, no final deste ano, para decidir qual é o melhor time de futebol do mundo. E este duelo pode colocar frente à frente os dois atacantes. Neste hipotético cenário, caso Obina faça prevalecer a sua mística de marcar gols nas horas decisivas, nunca a música tão folclórica fará tanto sentido.


Foto: Raphael Falawigna/Terra

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