domingo, 17 de agosto de 2008

Quando o chão é o fim da linha

OLIMPÍADAS 2008 - GINÁSTICA ARTÍSTICA
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O cenário do início desta manhã de domingo era um Brasil mais animado. Muitas pessoas abriram mão de suas horas de sono a mais que o primeiro dos dias da semana permite para assistir a uma geração que prometia (e ainda promete) dar alegrias a um povo desconfiado da participação da sua nação no maior evento esportivo do planeta.

Diego Hypólito, Jade Barbosa, e Daiane dos Santos encabeçam um grupo de atletas que está tornando a ginástica artística um esporte visto com bons olhos por nós, brasileiros, esbanjando carisma e competência mundo afora, mesmo com os conhecidos problemas que nossos atletas sofrem por aqui, como a falta de estrutura e apoio para dar continuidade às suas carreiras.

Diego Hypólito vai ao chão na final do solo: o ginasta não se conformou com o resultado e ficou desolado

Mas parece que o caminho do céu ao inferno é instantâneo e ingrato. Basta um movimento errado, um piscar de olhos e alguns deslizes que todo o trabalho de anos pode ir embora em uma fração de segundos. Mesmo com todo o favoritismo, e uma automática pressão exercida pelos veículos de comunicação, Diego Hypólito desabou, tanto fisicamente como psicologicamente, na prova final do exercício de solo.
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Após fazer uma série quase perfeita, que lhe daria o inédito ouro olímpico, o paulista errou na última seqüência de acrobacias, e foi ao chão, levando embora consigo a esperança da glória, e até mesmo de um lugar no pódio, tendo que se contentar com o sexto lugar. Hypólito ficou desolado, limitou-se a baixar a cabeça e não se torturar, deixando de assistir as execuções dos próximos ginastas e incrédulo que havia perdido uma chance de ouro, literalmente.
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A mesma situação foi vivida minutos depois por Jade Barbosa e Daiane dos Santos. Talvez o golpe tenha sido menor, pois não carregavam consigo o pesado favoritismo, apenas alguma esperança de medalha. Mas a pressão foi cruel, e as brasileiras também erraram. Jade se desiquilibrou e caiu de joelhos nos seus saltos sobre a mesa, ficando apenas em sétimo lugar. Já Daiane dos Santos não conseguiu emplacar mais uma vez seu brasileirinho, e exagerou, pisando fora do tablado duas vezes na sua execução do exercício de solo. Os deslizes a levaram a um modesto sexto lugar, nesta que foi a última chance da gaúcha disputar uma Olimpíada, pois havia prometido encerrar a carreira após os jogos de Pequim.

Jade caiu duas vezes na final do salto sobre a mesa, ficando em sétimo lugar

Cobrar e criticar nossos atletas nestes momentos de derrotas que estamos passando é no mínimo uma atitude sem inteligência e desumana, pois muitos de nós sabemos que, num país onde só se valoriza o futebol e algumas vezes o vôlei, estes atletas lutam muito para conseguir a chance de treinar decentemente e participar de um evento de grande proporção como as Olimpíadas.

Mas não podemos deixar passar em branco a nítida falta de preparo psicológico de nosso atletas, não só na ginástica como também em outros esportes. Certas vezes é difícil vermos algum norte-americano ou chinês realizar seu trabalho num momento decisivo como se fosse a coisa mais natural e segura de suas vidas, e vermos nosso brasileiros sucumbirem diante da pressão, deixando pra gente aquele amargo gostinho de "puxa, a gente podia estar no lugar deles". Alguma coisa realmente precisa ser feita!

fotos: Marcelo Pereira/Terra

4 comentários:

Paulão Fardadão Cheio de Bala disse...

Ah, é natural que quem está acostumado, já tem tradição, não encare com os mesmos olhos e não sinra o mesmo nervosismo de quem está quebrando uma barreira quase que centenária em termos de esportes.

De qualquer forma, a questão toda é superdimensionada e esses "dilemas" desportivos não merecem um terço do espaço que lhes é destinado pela mídia...

Luna disse...

Acho besteira criticar os atletas. Não dá para ganhar sempre, e eles fizeram o melhor que puderam.

Fiquei com pena do Diego!

Moni disse...

lamentável... mandar benzer o brasil!

Moni disse...
Este comentário foi removido pelo autor.