domingo, 23 de março de 2008

Nordestinos estão deixando São Paulo

CAMINHO DE CASA
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O dia mais triste da vida da dona de casa Gercina Jesus, mais conhecida como Jéssica, de 29 anos, foi quando tive que decidir se comprava leite ou levava sua filha Ellen, de um ano e meio, para o médico. A pequena nasceu com meninguite, teve paralisia cerebral, não fala, não anda. Imigrante, a dona de casa veio para São Paulo em 2002 depois de perder o emprego de professora em Piripá, interior baiano, por politicagem. Na “terra da garoa” conheceu o marido Antonio Bladino do Espírito Santo, de 25 anos, também imigrante. Mãe também de um menino de três anos, Jéssica já foi faxineira, trabalhou numa lavanderia e por ter manchado roupas foi demitida. Hoje, sonha com toda sua família em voltar para o Nordeste. A única alternativa: mandou uma mensagem para o apresentador Gugu Liberato que todos os domingos, com a atração “De volta para minha terra” que ajuda imigrantes a voltarem para a terra natal. Não são os únicos que sonham com o apresentador. "Um dia, o meu filho filho Emerson disse para mim: mãe, não chora, não, o carro do Gugu vai vir buscar a gente para levar para a Bahia", lembra Jessica.

Entre 1996 e 2006, 1.127.410 nordestinos deixaram o Nordeste para “mudar de vida” no Sudeste, principalmente na capital São Paulo, que para uns significa a terra das oportunidades. Histórias como a de Gercina, porém, mostram que muitos deles estão voltando para o Nordeste. No mesmo período citado, 1.309.104 retornaram. Nos dois últimos anos, por exemplo, 280 mil baianos e pernambucanos deixaram São Paulo. O grupo que mais retornou foi o de homens entre 25 e 34 anos.

O Nordeste deixou, para alguns, de representar o atraso econômico. Empresas migraram para a região e a ajuda do governo federal com as políticas sociais, como o Bolsa Família, estão movimentando a economia local. Para outros, São Paulo tem expulsado mais que o nordeste tem atraído. O demógrafo Kleber Oliveira, professor da Universidade Federal de Sergipe, reconhece que os dados das migrações mostra uma nova tendência, o número de pessoas que voltam para o Nordeste é superior àquele dos que descem cheios de esperanças na rodoviária do Tietê. “É bastante interessante, uma vez que no Nordeste temos os mesmos problemas estruturais que motivaram os fluxos migratórios históricos”, analisa o professor. “Trazemos os iludidos e devolvemos os desiludidos”, diz Valdeci Jesus da Silva, pernambucano que trabalha numa empresa de ônibus e caminhões de mudança, entrevistado pelo jornal “O Estado de São Paulo”.

O pernambucano de Garanhuns, Gildo Ferreira da Silva Filho decidiu empacotar tudo. Sua felicidade foi ter juntado R$ 1 mil reais para comprar um teclado para o filho. “Meu sonho era ficar”, confessou Gildo que estava há três meses desempregado. Ele, a mulher e o filho de nove anos embarcaram no sábado de carnaval rumo à cidade do presidente Lula.

O também pernambucano Givanildo Pereira da Silva é outro que está voltando, porém feliz. “Cheguei com uma ‘havaiana’ e estou voltando com uma estante, mesa, cama, berço, TV de 20 polegadas, geladeira e um fogão para queimar o feijão”, alegra-se. No Nordeste, quer comprar um carro e ter um negócio próprio. Para ele, o sonho em São Paulo foi concluído. Assim como tantos outros, os imigrantes que estão voltando repetem a frase célebre da música “Sampa” de Caetano Veloso: “Quem vem de outro sonho feliz de cidade, aprende depressa a chamar-te de realidade. Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso”.

5 comentários:

Mo disse...

Os Nordestinos vem para São Paulo em busca de oportunidades e acabam morando Rua Públicas, praças, debaixo de viadutos e favelas e ainda passando fome, humilhação, desprezo e discriminação. ainda bem que essa ilusão esta acabando se a maioria esta voltando pra sua terra natal é que alguma ta melhorando

http://foipararnanett.blogspot.com/

Trilhas Sonoras do Cinema disse...

Algumas vezes é um absurdo a vinda de Nordestinos para São Paulo, como aquela vez que um homem veio com a família para São Paulo só para mostrar a cachorrinha dele no programa do Gugu dizendo que a cachorrinha sabia fazer um monte de coisas. A cachorrinha não fez merda nenhuma e o filho mais novo dele quase morreu numa noite na Praça da Sé por causa de uma gripe forte e dava para ver que o pai da família(que era um velho) era muito retardado pois fez tudo isso com a família, inclusive passar fome só para se mostrar no programa do Gugu

Aí mostre o quanto o brasileiro é vagabundo, prefere viver de pobreza e seus benefícios do governo e instituições, do que trabalhar para sustentar a família

Lucas Oliveira disse...

será que é verdade mesmo?
eu ainda duvido desses boatos, mas já que o Blogo News está dizendo... começo a acreditar!!!

BlogoNews - credibilidade aos seus dignos expecleitores.

Muito bonito o layout...

parabens!

não esquece de passar no meu humilde blog!

http://lucasjdeoliveira.blogspot.com/



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ps.
Preciso de um dos e-mails seu (do MSN), pois quero entrevistá-los em meu blog...

abçs

Raoni Frizzo disse...

Lucas, primeiramente muitíssimo obrigado pelos elogios ao blog. São coisas como essa que nos motivam a cada dia que passa a escrevermos aqui neste espaço.

Vou te passar os e-mails do MSN da equipe toda lá no teu blog (eu, Adílson e Marília). Será um enorme prazer sermos entrevistados por você. Agradeço muito a oportunidade!

Abraço e muito obrigado pela visita!

Jeffmanji disse...

Ainda bem que muitos têm a sorte de fazer isso.
Como diz o ditado, por pior que seja, não tem lugar melhor que o nosso lar!