domingo, 31 de agosto de 2008

veja a educação pela Veja

MÍDIA

Faltou-me tempo, faltou-me dedicação. Há uma semana venho adiando o que muitas páginas já deram, mas a minha indagação e indignação continuam aqui.
Na edição
do último dia 20, a Veja superou os limites do jornalismo sério. Muito eu ouvia da revista, sua tendenciosidade e falta de seriedade, mas me permiti compovar, mais ainda, na matéria sobre educação: "Você sabe o que estão ensinando a ele?"
Na reportagem de Monica Weinberg e Camila Pereira, sem rodeios - como inicia a matéria - o texto fala de Che Guevara, Paulo Freire e Marx como inspiradores para uma doutrinação esquerdista pelos professores na educação brasileira, tanto pública quanto privada.
Abaixo, um trecho - para mim - o mais surpreendente do tendencionismo e da banalização de grandes pensadores que acrescentaram em muito na luta pela igualdade social.

"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de aprovação de citações positivas, 14% neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores brasileiros ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico e teórico alemão Abert Einstein, talvez maior gênio da história da humanidade."

Paulo Freire foi o grande criador do método de educação para adultos, em que parte do princípio que a alfabetização se dá partindo da realidade do educando. Passou da teoria à prática nas áreas carentes do Nordeste. A fúria da Veja é contra qualquer ascenção das classes menos favorecidas e, qualquer um que possa propiciar isso, não serve para ela.
A revista se baseou em pesquisas para assumir e publicar que professores disseminam ideologias esquerdistas aos alunos. Entre elas, a mais indignante para a Veja foi a de que para 78% dos professores atribui à escola, antes de tudo, a função de "formar cidadãos" à frente de "ensinar a matéria" ou "preparar as crianças para o futuro".
Para a Veja, formar empresários capitalistas que enriquecem a classe dominante vem antes de qualquer base, fundamentação e conceito de cidadania. É por isso que as coisas estão como estão.
O problema não é a Veja ter uma visão. O grande problema é as pessoas tê-la como fonte de informação e se basearem nela para formar opinião.
Se quiser fazer um jornalismo tendencioso, que assim o faça, assumindo o seu lado, a sua posição, como tantos veículos de esquerda e alternativos.
Está na hora de termos um olhar mais crítico sobre a mídia e não aceitar tudo o que nos é transmitido.
É preciso tirá-la do topo de mais vendida no Brasil, antes de uma lavagem cerebral.

Foto: Veja Online

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Reunião da confraria militar

DITADURA MILITAR


Para cerca de 600 espectadores, o General Gilberto Barbosa de Figueiredo falou, promoveu palestras e juntou a confraria militar no Salão Nobre do Clube dos Militares, no Rio de Janeiro para debochar do governo e da classe baixa da sociedade brasileira.

A reunião, que ocorreu no último dia 07, foi um protesto contra a possibilidade de contestação à Lei de Anistia e abertura de processos contra torturadores da ditatura militar. O evento veio a calhar talvez por, dias antes, o Ministro da Justiça Tarso Genro e o secretário especial de direitos humanos Paulo Vanucchi terem defendido a punição dos torturadores a serviço do estado.

Algumas frases dos que estavam presentes na reunião mostram a aclamação ao autoritarismo e o dramático pavor ao comunismo, socialismo, Marx e tudo mais que possa pôr em risco o sistema ditatorial. Foram, portanto, publicadas na Carta Capital por Leandro Fortes, que cobriu a instinta reunião de idéias calcadas de conservadorismo.

“A anistia de 1979 não era para idealistas que rompiam com a legalidade na esperança de um país melhor. Era anistia para marxistas, marxistas-leninistas, revolucionários maus, perversos, que não perdoam a derrota”. (General Sérgio Augusto Coutinho, ex-chefe do CIE) “O revanchismo não é só um prazer de quem faz, porque esse prazer é de uma pessoa que é um revolucionário, que é um marxista-leninista, e, portanto, ele tem ainda um sonho, o sonho do socialismo do proletariado”. (General Coutinho, provavelmente se referindo ao ministro Tarso Genro ou ao presidente Lula)

“O pessoal que hoje se insurge contra a lei que os beneficiou estava fora do País, não estava nem trabalhando. Estavam (sic) vivendo às custas de dinheiro da conspiração internacional”. (Ribas Paiva, sobre o que ele alega ser a ingratidão da esquerda com a Lei da Anistia)

“Na Polônia, elegeram um metalúrgico, fez (sic) a experiência. Mas os poloneses tiveram inteligência suficiente de elegê-lo uma única vez e nunca mais! Aqui, demos um exemplo magnífico para a história dos povos e elegemos um metalúrgico, inclusive com o charme de falar (sic) com quatro dedos. Não tivemos a sabedoria dos poloneses e o reelegemos. A culpa é nossa, temos que aturar. Mas o mandato é certo, no final, vão sair. O presidente, o ministério e toda a turma que subiu com ele vai ficar (sic) nos seus devidos lugares. Ele será, sem dúvida nenhuma, um excelente presidente de sindicato, isso, provavelmente, dos metalúrgicos. Se for dos professores, vai meter os pés pelas mãos, como está metendo no governo”. (Zveiter, tropeçando no português, zombando da deficiência física do presidente Lula e insuflando o preconceito de classe, sob aplausos e gargalhadas, no Clube Militar)

Foto: Carta Capital

domingo, 17 de agosto de 2008

Quando o chão é o fim da linha

OLIMPÍADAS 2008 - GINÁSTICA ARTÍSTICA
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O cenário do início desta manhã de domingo era um Brasil mais animado. Muitas pessoas abriram mão de suas horas de sono a mais que o primeiro dos dias da semana permite para assistir a uma geração que prometia (e ainda promete) dar alegrias a um povo desconfiado da participação da sua nação no maior evento esportivo do planeta.

Diego Hypólito, Jade Barbosa, e Daiane dos Santos encabeçam um grupo de atletas que está tornando a ginástica artística um esporte visto com bons olhos por nós, brasileiros, esbanjando carisma e competência mundo afora, mesmo com os conhecidos problemas que nossos atletas sofrem por aqui, como a falta de estrutura e apoio para dar continuidade às suas carreiras.

Diego Hypólito vai ao chão na final do solo: o ginasta não se conformou com o resultado e ficou desolado

Mas parece que o caminho do céu ao inferno é instantâneo e ingrato. Basta um movimento errado, um piscar de olhos e alguns deslizes que todo o trabalho de anos pode ir embora em uma fração de segundos. Mesmo com todo o favoritismo, e uma automática pressão exercida pelos veículos de comunicação, Diego Hypólito desabou, tanto fisicamente como psicologicamente, na prova final do exercício de solo.
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Após fazer uma série quase perfeita, que lhe daria o inédito ouro olímpico, o paulista errou na última seqüência de acrobacias, e foi ao chão, levando embora consigo a esperança da glória, e até mesmo de um lugar no pódio, tendo que se contentar com o sexto lugar. Hypólito ficou desolado, limitou-se a baixar a cabeça e não se torturar, deixando de assistir as execuções dos próximos ginastas e incrédulo que havia perdido uma chance de ouro, literalmente.
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A mesma situação foi vivida minutos depois por Jade Barbosa e Daiane dos Santos. Talvez o golpe tenha sido menor, pois não carregavam consigo o pesado favoritismo, apenas alguma esperança de medalha. Mas a pressão foi cruel, e as brasileiras também erraram. Jade se desiquilibrou e caiu de joelhos nos seus saltos sobre a mesa, ficando apenas em sétimo lugar. Já Daiane dos Santos não conseguiu emplacar mais uma vez seu brasileirinho, e exagerou, pisando fora do tablado duas vezes na sua execução do exercício de solo. Os deslizes a levaram a um modesto sexto lugar, nesta que foi a última chance da gaúcha disputar uma Olimpíada, pois havia prometido encerrar a carreira após os jogos de Pequim.

Jade caiu duas vezes na final do salto sobre a mesa, ficando em sétimo lugar

Cobrar e criticar nossos atletas nestes momentos de derrotas que estamos passando é no mínimo uma atitude sem inteligência e desumana, pois muitos de nós sabemos que, num país onde só se valoriza o futebol e algumas vezes o vôlei, estes atletas lutam muito para conseguir a chance de treinar decentemente e participar de um evento de grande proporção como as Olimpíadas.

Mas não podemos deixar passar em branco a nítida falta de preparo psicológico de nosso atletas, não só na ginástica como também em outros esportes. Certas vezes é difícil vermos algum norte-americano ou chinês realizar seu trabalho num momento decisivo como se fosse a coisa mais natural e segura de suas vidas, e vermos nosso brasileiros sucumbirem diante da pressão, deixando pra gente aquele amargo gostinho de "puxa, a gente podia estar no lugar deles". Alguma coisa realmente precisa ser feita!

fotos: Marcelo Pereira/Terra

Depende do ponto de vista, no caso americano

PEQUIM 2008

Tradicionalmente, a lista de classificação de medalhas nas Olimpíadas é feita pela quantidade de medalhas de ouro adquiridas. No entanto, os EUA através da sua imprensa, vem aderindo um novo método para se beneficiar, uma listagem com a contagem do total de medalhas, o que faz com o que os americanos tomem o primeiro lugar na classificação.

Na Índia, Alemanha e Argentina o site oficial do Comitê Olímpico, o quadro de medalhas é encabeçado pelo maior ganhador de medalhas de ouro, que neste ano é a China e em segundo lugar os EUA.

No portal online do jornal "The New York Times", essa afirmação concretiza a prepotência dos EUA até nos esportes.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Meninas do futebol

PEQUIM 2008
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Estão na China! Com tantos chineses, não faltou torcida para a seleção brasileira

As meninas do futebol continuam encantando! O Brasil derrotou a Nigéria hoje com o placar de 3 a 1. Com a vitória, a seleção garantiu a classificação para as quartas-de-final invicta. Agora, as jogadoras encaram, na sexta-feira às 7h, horário de Brasília, a Noruega, que derrotou por 5 a 1 o Japão pelo grupo F.

O destaque do jogo de hoje foi Cristiane, autora dos 3 gols brasileiros. Depois de sofrer um gol, a seleção feminina partiu para o ataque e abusou das jogadas aéreas. Dois minutos depois de ter marcado o primeiro gol, de cabeça, Cristiane fez o segundo. O terceiro veio aos 19 minutos do segundo tempo. Depois disso, as meninas apenas administraram o resultado.
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foto: AP

Brasil vence mais uma no vôlei

PEQUIM 2008
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A equipe masculina de vôlei venceu novamente em Pequim, dessa vez a “família Bernardinho” derrotou o primeiro rival de peso da competição, a Sérvia, seleção com grande tradição nesse esporte. Mesmo sem a presença de Giba, poupado por causa de uma tendinite no ombro direito, os brasileiros venceram de virada por 3 a 1, parciais de 25-27, 25-20, 25-17 e 25-21. Depois de um início equilibrado, o Brasil precisou apenas adminstrar o resultado.

No lugar de Giba, ovacionada pela torcida mesmo sem tirar o agasalho, Bernardinho escalou Murilo, jogador que teve destaque na partida. “Contra estes times a gente sabe que tem que jogar 100%. A gente demonstrou isso nos últimos três sets. Não podemos relaxar um único segundo”, disse o jogador, segundo a UOL.

Agora o Brasil tem quatro pontos e volta a competir na quinta-feira, contra a Rússia, às 1h30, horário de Brasília. Contra a Polônia, atual vice-campeã mundial, a seleção da Sérvia precisará se recuperar das duas derrotas consecutivas para ainda sonhar com o pódio.

foto: Reuters

Bolsa Família tem desligamentos voluntários

ARTIGO

Poucas vezes ouvimos falar dos benefícios do Bolsa-Família. De fato, o que está mais visível na mídia e na boca das pessoas - classe média e alta - são as críticas a projetos assistencialistas como este. No entanto, a edição de ontem (11/08) do Estadão me surpreendeu. Uma matéria de página inteira falando de beneficiados do sistema que, ao melhorarem as condições de vida, pedem voluntariamente o seu desligamento. A matéria já inicia com um diferencial, tendo na íntegra a pequena carta de uma beneficiária do programa em que pedia para ser desligada. Eis a carta abaixo:

"Bom dia! Eu, Sueli Miranda de Carvalho Silva, venho, por meio destas linhas, agradecer os idealizadores do Bolsa-Família, os anos que fui beneficiada. Ajudou-me na mesa, o pão de cada dia. Agora, empregada estou e quero que outro sinta o mesmo prazer que eu, de todo mês ser beneficiada. Obrigado."

Até agora, desde a criação do programa em 2004, constam mais 60 mil pedidos de desligamento, sendo a maior parte na região sul e sudeste. Dados como estes mostram que as pessoas não estão se acomodando, diferente do que está sempre na boca do povão.

O fato é que para a maioria das pessoas beneficiadas, uma renda extra no final do mês ajuda em muito no sustento da família. Portanto, para não perder o auxílio, a ida à escola torna-se um compromisso forte e constante para pais e filhos. Para incentivar atitudes voluntárias de honestidade como esta, o governo permite que caso a família necessite novamente da bolsa, ela pode se reinscrever. Em outra situação, quando o governo verifica o aumento da renda, a família tem um prazo para ter a certeza de que conseguirá se manter e não voltar para a linha de probreza. Claro que não podemos generalizar.

Há muitas pessoas que se aproveitam do assistencialismo, mas tem muita gente que necessita e aproveita muito bem o benefício. O senso comum deveria deixar de ser senso comum, dissipando opiniões meramente anti lulistas.

Foto: divulgação

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Nossas primeiras medalhas

OLIMPÍADAS 2008 - JUDÔ

Agora desencantou! O Brasil saiu do zero na contagem de medalhas nos Jogos Olímpicos de Pequim. E isso graças ao Judô, esporte que sempre traz bons resultdos para o nosso país. Depois de algumas decepções, como a queda do bicampeão mundial João Derly, a equipe brasileira mostrou força nesta segunda-feira e conseguiu obter duas surpreendentes medalhas de bronze.
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Ketleyn Quadros e Leandro Guilheiro brilharam nos tatâmes chineses, e de quebra mostraram a força do nosso judô, que com essas duas medalhas igualou a vela como o esporte que mais trouxe medalhas para o Brasil em Olimpíadas. E cada uma delas teve um gosto especial. O paulista Guilheiro se tornou o primeiro atleta da modalidade a conseguir medalhas em duas Olimpíadas seguidas. Já a jovem brasiliense Ketleyn, de apenas 19 anos, conseguiu o posto de primeira atleta nacional a subir no pódio olímpico em uma prova individual em todos os tempos.

Os caminhos para as glórias de ambos os judocas não foram diferentes: muita dificuldade e superação. Ketleyn enfrentou logo na segunda rodada a holandesa Deborah Gravenstijn, detentora de 17 medalhas em Copas do Mundo, e acabou perdendo. A partir daí a brasileira reagiu e embalou na competição derrotando os seus seguintes adversários, inclusive a espanhola Isabel Fernandez, campeã olímpica em Sydney-2000.
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Leandro Guilheiro repetiu Atenas-2004 e ficou com o bronze na modalidade
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Guilheiro passou fortes emoções logo na sua estréia. Após estar perdendo para o argentino Mariano Bertolotti, virou a luta no minuto final, numa disputa emocionante. O brasileiro apenas caiu na sua terceira luta, diante do campeão mundial, o sul-coreano Ki Chun Wang. Mesmo assim, ainda deu trabalho, forçando a prorrogação. Com a derrota, teve de enfrentar a repescagem, vencendo mais duas lutas e chegando ao tão sonhado pódio olímpico.

Mais uma vez o Brasil mostra sua força no judô, seja com o toque de experiência, como no caso de Leandro Gulheiro, ou na juventude e promessa que virou realidade, Ketleyn Quadros!

foto 1: Marcelo Pereira/Terra
foto 2: Reuters

sábado, 9 de agosto de 2008

Mesmo sem entrosamento, Ana Paula e Larissa estréiam com vitória

OLIMPÍADAS 2008 - VÔLEI DE PRAIA

Mesmo com uma série de fatores jogando contra, Ana Paula e Larissa, dupla recém-formada do vôlei de praia, venceram nesta manhã seu jogo de estréia na disputa do vôlei de praia feminino, contra a dupla da Georgia, as brasileiras naturalizadas Cris e Andrezza.

A nítida falta de entrosamento, junto com o forte calor de Pequim, algumas jogadas equivocadas, música da Xuxa (até isso!) e a surpreendente qualidade da dupla rival foram obstáculos que dificultaram muito o caminho de Larissa e sua mais nova companheira, Ana Paula, que substitui a lesionada Juliana, cortada dos Jogos Olímpicos devido a uma ruptura nos ligamentos do joelho.
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Nem mesmo a falta de entrosamento (e a Xuxa) impediu que Ana Paula e Larissa estreassem com vitória em Pequim

O susto foi tão grande que as brasileiras não se encontraram em quadra no primeiro set e acabaram sendo derrotadas pelas "georgianas" pela parcial de 23 a 25, num set bastante equilibrado. Após o intervalo entre os sets, as brasileiras colocaram a cabeça no lugar e começaram a ganhar mais "quilometragem" jogando juntas, dominando assim as adversárias no segundo set, fechando a parcial em 21 a 17.

No tie-break, a dupla favorita dominou o jogo e mostrou um vôlei convincente, segurando o ímpeto das rivais, fechando assim a partida em tranqüilos 15 a 5, sacramentando assim a vitoriosa estréia, e mostrando que a dupla está conseguindo evoluir a passos largos, para brigar forte por uma medalha olímpica.

Realmente, já era esperada uma certa falta de entrosamento entre as duas brasileiras. Foi muito positiva a capacidade de superação de Ana Paula e Larissa, e como elas conseguiram passar a falar a mesma língua em tão pouco tempo. Continuamos no páreo!

foto: Marcelo Pereira/Terra

Delegação brasileira na cerimônia de abertura

OLIMPÍADAS 2008 - ABERTURA

Assista a entrada dos atletas brasileiros na grandiosa festa de abertura dos Jogos Olímpicos. Transmissão da TV Globo.

Diego Hypólito confirma favoritismo

OLIMPÍADAS 2008 - GINÁSTICA ARTÍSTICA


O ginasta brasileiro teve a melhor pontuação na fase classificatória do solo. aparelho no qual é bicampeão da Copa do Mundo. Antes, Diego decidiu disputar o salto . Na primeira tentativa conseguiu a nota 16.100 e o seu ténico achou melhor poupá-lo para a apresentação no solo e o ginasta ficou fora da decisão pela medalha no aparelho. Segundo ele, o salto seria apenas um aquecimento.

No solo, Diego preferiu não executar o exercício "Hypólito" - um duplo twist carpado com pirueta -, por ser a competição apenas classificatória. O ginasta recebeu dos juízes a nota 15.950. "Foi um bom trabalho, eu estou muito feliz. A série foi muito boa. Fiquei muito satisfeito com o resultado" disse o brasileiro ao SporTV.

A final do solo ocorre apenas no dia 17 de agosto. Os grandes adversários do brasileiro são o canadense Kyle Shewfelt, a jovem revelação chinesa Zou Kai e o romeno tricampeão mundial Marian Dragulescu.

A classificação para a final no solo masculino ficou com: 1 - Diego Hypolito - 15.950 Brasil, 2 - Marian Dragulescu - 15.925 Romênia, 3 - Gervasio Deferr - 15.825 Espanha, 4 - Fabian Hambuechen - 15.800 Alemanha, 5 - Kohei Uchimura - 15.725 Japão, 6 - Kai Zou - 15.700 China, 7 - Anton Golotsutskov - 15.600 Federação Russa, 8 - Alexandr Shatilov - 15.600 Israel, 9 - Soomyun Kim - 15.575 Coréia do Sul e 10 - Rafael Martinez - 15.550 Espanha.

Foto: Reuters

Michael Phelps quebra recorde olímpico

OLIMPÍADAS 2008 - NATAÇÃO



A promessa está se concretizando. O nadador norte-americano - que declarou antes do início dos Jogos Olímpicos que iria quebrar diversos recordes nas piscinas chinesas, superando - está cumprindo sua palavra. O primeiro feito ocorreu na prova classificatória para os 400m medley. Phelps garantiu o melhor tempo para a final com 4min7s82. A melhor marca até então também era do nadador, 4min8s26. A final do estilo ocorre na noite desse sábado, às 23h, manhã de domingo em Pequim.

"Estou muito satisfeito com o tempo. Não pensava que nadaria tão rápido nas eliminatórias. Agora tudo o que sei é que amanhã [sábado à noite, no Brasil] quero estar na raia do centro", disse o norte-americano.


Phelps já tem oito medalhas olímpicas - seis delas de ouro. Em Pequim, ele pode se tornar o maior vencedor da história da competição. Para o feito, ele precisa ganhar quatro medalhas, das oito que disputará. Com esse feito, o nadador quebrará o recorde do também americano Mark Spitz, sete vezes campeão olímpico (Munique 1972)
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O brasileiro Thiago Pereira, revelação dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, ano passado,
ficou com entre os oito finalistas 4min11s74. "Foi melhor do que em 2004, em Atenas. Não esperava que os tempos dos outros adversários fossem tão fortes. Cansei no final, mas não nadei no meu limite. Amanhã será um novo dia.", disse o brasileiro em reportagem da BBC Brasil.

Confira a classificação dos oito finalistas:

1º- Michael Phelps (EUA) - 4min07s82
2º- Laszlo Cseh (HUN) - 4min09s26
3º- Luca Marin (ITA) - 4min10s22
4º- Ryan Lochte (EUA) - 4min10s33
5º- Gergo Kis (HUN) - 4min10s66
6º- Alessio Boggiatto (ITA) - 4min10s68
7º- Brian Johns (CAN) - 4min11s41
8º- Thiago Pereira (BRA) - 4min11s74


foto: site Globo Esporte

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O início de um evento sem fronteiras

OLIMPÍADAS 2008 - ABERTURA

Agora é oficial! Às 13:05 do horário oficial de Brasília foi acesa a pira olímpica, dando oficialmente o pontapé inicial dos Jogos Olímpicos de Pequim, a 26ª edição do maior evento esportivo do planeta na era moderna.

Um lindo espetáculo pirotécnico marcou a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Pequim

Com um público de aproximadamente 91 mil pessoas presentes do Ninho de Pássaro, a cerimônia de abertura do evento impressionou o mundo inteiro com uma produção mágica, digna de cinema, com uma mescla de fogos de artifício, um grande efeito luminoso, e partes das mais diversas tradições culturais das 204 nações que abrilhantarão o espetáculo nas próximas duas semanas.

Com um belo efeito de luzes mostrando a contagem regressiva, a cerimônia começou pontualmente ás 20 horas do horário de Pequim (9 horas da manhã de Brasília). A delegação brasileira entrou para fazer o seu desfile uma hora e meia depois do início da festividade, com o iatista Robert Scheidt carregando a bandeira brasileira, liderando um esquadrão de atletas que compõem a maior delegação brasileira na história dos Jogos Olímpicos. Aliás, o Brasil foi bastante ovacionado pela platéia chinesa, assim como as outras nações, incluindo os EUA, que teve seu único momento de vaias quando o presidente George Bush apareceu no telão do estádio.


Robert Scheidt foi o porta-bandeira do Brasil na abertura dos Jogos Olímpicos, trazendo consigo o resto da delegação brasileira

Naturalmente, a China, dona da casa, fechou o desfile de apresentação das nações, com o gigante astro do basquete Yao Ming (do alto de seus mais de 2,20 metros de altura) sendo o porta-bandeira da equipe que sonha alto e pretende finalmente desbancar os estadunidenses no quadro de medalhas, e se firmar como a maior potência esportiva do planeta.

Pouco após ás 12h30, o presidente da China, Hu Jintao, anunciou oficialmente a inauguração da 26ª edição das Olimpíadas. Agora é torcer pelos nossos brazucas e desfrutar esses próximos dias, que serão mágicos e fascinarão todos os apaixonados pelo esporte, e também pela cultura!

fotos: Reuters

O Rio de Janeiro sob olhos burgueses

CRÔNICA


Sim, o Rio de Janeiro continua lindo. Essa era a resposta para muitas perguntas que me vinham à tona quando cheguei de uma viagem inesquecível à cidade maravilhosa. Um sonho encubado dentro de mim há anos. Conhecer de fato o clima carioca, me fez amar ainda mais a maresia senera que cai sobre a cidade no inverno quente que se estendia por lá, pelo menos neste ano.

E as balas perdidas? Muito trombadinha em Copacabana? E a linha vermelha? Não vi bala perdida. Não fui roubada por um arrastão. Passei na linha vermelha e vi favelas, uma de cada lado, apenas. E, diante disso, me questiono será que estou inerte, mergulhada ao conto de fadas carioca das músicas "jobinianas", da bossa nova ou das novelas de Manoel Carlos? Não sei. Apenas sei que me apaixonei pela cidade que se veste de alegria, de vida, de emoção em cada esquina, em cada praia que em cada onda traz o mar dentro da cidade.

E Drummond estava certo quando diz que no mar estava escrita uma cidade.Eu poderia me abalar e de fato me abalei - não constantemente pois fui incendiada pelo deslumbramento daquilo que não pertence a minha constante realidade - com as portas que trabalhadores abriam delicademente para eu entrar, com os garçons a me servir, assim como serviçais.

Meus olhos tornaram-se portanto e por algum tempo tão burgueses que tive medo de ver a cidade mais marvilhosa do que ela mesmo se propõe a ser. E, de fato, existem dois lados inevitáveis. A orla se distancia do subúrbio. A vida cheia de graça, calorosa, não pertence aos morros cariocas, pois é a vida dura de muita gente trabalhadora, igual aqui e em todo lugar.Tornei a pensar.

No entanto, mesmo visto pelos meus temporários olhos burgueses, não há como se enganar porque a beleza natural, incomparável, interminável e inexplicável está ali, para quaisquer olhos verem. E esta paisagem foi criada por um só, é de todos e não é de ninguém.Portanto, sim, o Rio de Janeiro continua incessante e emocionadamente lindo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Preço de banana, mas por quilo

NOTAS

A banana é um dos produtos de maior exportação do Brasil


O governador do estado de São Paulo, José Serra, sancionou no último dia 23 uma lei, de número 13.174, que determina a venda de banana por quilo e não por dúzia, como usualmente é feita.

Os comerciantes que desobedecerem a lei poderão pagar multa que varia de R$ 297,60 a R$ 297.600. Porém, o valor poderá variar conforme as condições econômicas do vendedor e a quantidade do produto vendido, por exemplo.

A lei é de autoria do deputado Samuel Moreira, do PSDB, e, segundo ele, atende a uma reivindicação dos produtores da fruta do Vale do Ribeira, local da maior produção no estado. De acordo com os produtores, eles perdem cerca de R$ 90 milhões.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Liberdade de imprensa ameaçada nos Jogos Olímpicos

PEQUIM 2008


Área de imprensa construída para os Jogos Olímpícos

O jornal “L’Équipe” publicou ontem uma declaração do Comitê Organizador das Olimpíadas de Pequim que diz sobre algumas restrições ao acesso à internet no país-sede. “Durante os Jogos, nós forneceremos um acesso à internet que seja apenas suficiente para os jornalistas”, disse o Comitê através de seu porta-voz Sun Weide.

Essa postura da China vem contra a promessa feita de que o acesso à rede mundial estaria totalmente liberado durante os eventos para um melhor trabalho dos profissionais de imprensa que cobrirão os Jogos Olímpicos.

A liberdade total do acesso à internet não acontece normalmente no país. O governo chinês bloqueia os sites que são contrários ao regime do país, entre eles o da Anistia Internacional, o site do movimento espiritual Falugong e da BBC.

Segundo matéria da UOL, o presidente do Comitê Olímpico Australiano, John Coates, irá conversar com as autoridades chinesas para retirarem estas restrições, pois como o Comitê Olímpico Internacional, ele vê a medida como séria e prevê prejuízo para a imprensa.

foto: AFP

terça-feira, 29 de julho de 2008

Preparação?

OLIMPÍADAS 2008 - FUTEBOL

Faltando pouco mais de uma semana para a tão esperada estréia nos Jogos Olímpicos de Pequim, a seleção brasileira de futebol masculino mescla na mente do torcedor tupiniquim sentimentos distintos: animação, mas também carregada de uma certa dose de desconfiança.

A animação pode ser explicada pelo fato do plantel de jogadores possuir nomes que colocariam respeito até em uma Copa do Mundo, como Diego, Alexandre Pato, Anderson, e a ilustre presença do consagrado Ronaldinho Gaúcho. Mas o que tem feito o torcedor ficar com um pé atrás na expectativa de bons resultados é a preparação muito em cima da hora, e um tanto quanto duvidosa, se falarmos na qualidade da mesma.

Jogadores da seleção comemoram gol contra Cingapura, na preparação para as Olimpíadas

Jogadores que raramente (ou até mesmo nunca) jogaram juntos são reunidos ás pressas para fazer uma série de amistosos em Cingapura, contra times notadamente inexpressivos, como é o caso da seleção local, que teve a glória de perder apenas por 3 a 0 para os comandados de Dunga, e ainda chegaram a esboçar uma pressão e incomodar o goleiro Diego no segundo tempo do amistoso.

Uma série de fatores podem também credenciar a falta de treinos destes jogadores. Vale lembrar que houve a extinção do conhecido torneio "Pré-Olímpico", que antes era usado para definir quais seleções iriam para os Jogos. A falta de datas internacionais agendadas pela FIFA também não deixou com que a seleção brasileira pudesse enfrentar adversários de alto nível. E, mais recentemente, a queda de braço entre a Confederação Brasileira de Futebol e os grandes clubes europeus, que vetaram a participação de estrelas como Kaká e Robinho.

Agora fica a dúvida de saber qual o verdadeiro potencial desta equipe. Será que a seleção brasileira estará preparada para enfrentar em condições de igualdade seus rivais mais fortes nas Olimpíadas? Esta e muitas outras dúvidas só serão realmente esclarecidas, na manhã do próximo dia 7 de agosto, no confronto contra a Bélgica.

foto: AP

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Checar é sempre a melhor opção

NOTAS
Reprodução do jornal italiano com a foto do ator
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O caso Dantas está dando o que falar e processar. O ator global Daniel Dantas, homônimo do preso pela Operação Satiagraha, da Polícia Federal, vai processar o jornal italiano “La Stampa” por publicar uma foto sua como a do banqueiro.

Para o ator, atualmente no ar com a novela “Ciranda de Pedra”, a publicação erronia pode prejudicar sua imagem. A assessoria de imprensa do ator, porém, foi procurada pela reportagem da Folha Online, não confirmaram a intenção do processo.

O erro, porém, não foi exclusividade do jornal italiano. O “Diário do Sul”, jornal baiano, também veiculou uma foto do ator como a do banqueiro do “prende e solta”.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

“Quanto você ganha?” já foi uma pergunta constrangedora

ALEGRIA DAS FOFOQUEIRAS


Já imaginou saber quanto ganha seu chefe ou aquele metido do outro departamento? E já imaginou, também, a alegria daquela sua vizinha fofoqueira se ela tivesse acesso aos dados de quanto recebe de salário todos da rua? Então, em países como a Escandinávia, Suécia, Finlândia e Noruega, isso não é segredo nenhum. Todos os anos, esses países publicam as declarações de imposto de renda de todos os cidadãos.

As declarações, na Suécia, por exemplo, ficam disponíveis para consulta todo o ano em uma série de livros ou calendários de impostos. “Se é isso que você deseja, pode ver quanto seu cunhado ganhou, quanto seu vizinho ganhou. Não é todo mundo que faz isso, apesar de fazermos piada e perguntarmos: ‘você já checou quanto seus futuros sogros ganham?’”, diverte-se o secretário de estado do Ministério da Justiça do país, Magnus Graner, em entrevista ao jornal “USA Today”.

O direito de acesso à essas informações é estabelecido na Constituição sueca. A divulgação dos rendimentos dos cidadãos é feita desde o século 18 e vem de uma tradição de abertura de informações e transparências de governo. Os dados apenas não são veiculados em casos de segurança nacional ou em alguns aspectos de investigações criminais.

Ao contrário da boa aceitação dos cidadãos nesses países, os italianos repudiaram o ato no começo desde ano quando o então primeiro-ministro Romano Prodi publicou no site do ministério o imposto de renda dos cidadãos da “grande bota”. Vicenzo Visco, ministro da economia italiana, disse aos jornais que a estratégia italiana era dar mais transparência e democracia.

A pressão popular fez com que as informações fossem retiradas da internet. Já era tarde demais. Os jornais foram mais rápidos e divulgaram as informações de pessoas notáveis do país. O atual primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, que é proprietário, por exemplo, do time de futebol A C Milan, foi um dos “alvos” da imprensa. Seus rendimentos em 2005 foram de US$ 43,5 milhões e o valor pago em impostos chegou a US$ 18,6 milhões.

Já imaginaram se isso acontecer no Brasil?

terça-feira, 22 de julho de 2008

O futuro do nosso futebol nas mãos da péssima arbitragem

ESPECIAL - OPINIÃO

Guardo do futebol minhas melhores e mais gratas recordações. Militei nesse esporte por aproximadamente 23 anos: 1955 a 1978, com passagens pela Venezuela, Colômbia e Uruguai. Tais circunstâncias, no entanto, me conferiram apenas o privilégio de poder ver, sentir e analisar esse misterioso e fascinante esporte de uma forma especial e diferente de alguns. Mas o fato em si não me credencia a entender mais de futebol do que nenhuma outra pessoa. A experiência vivida é que acabou me dando uma visão particularizada e a percepção de certos detalhes que eventualmente passam despercebidos.

Assim, preocupado com todo o contexto do futebol, sirvo-me desse espaço para expor algumas considerações, que julgo pertinentes, visando a identificar possíveis causas que vêm comprometendo nosso principal esporte e apontar algumas anomalias que ocorrem dentro e fora do campo. Vejo o atual momento do futebol brasileiro como extremamente preocupante, notadamente no que se refere às nossas arbitragens, as quais considero péssimas e que chegam a beirar o ridículo se comparadas às européias. Uma calamidade. Por outro lado, quero frisar, também, que não faço parte e nem me alinho entre os nacionalistas de plantão que vêem nosso futebol como o melhor e mais perfeito do planeta, como “vendem” alguns integrantes da imprensa esportiva gorda, que nunca puseram o pé em uma bola. Prefiro analisar mais com a razão do que com a paixão. Não sejamos hipócritas; não devemos enganar nossos próprios olhos. Quem assistiu aos jogos da Copa da Europa devem ter se encantado com o que viu, especialmente a final disputada entre duas escolas extraordinárias: ESPANHA X ALEMANHA, sagrando-se campeã a seleção espanhola. Exibiram um futebol forte, objetivo, rápido, sem paralisações e sem a “esperteza” dos atletas sul-americanos. Portanto, quem viu há de reconhecer que já estamos no andar de baixo e as causas vêm a seguir.

Por mais estranha que possa parecer minha tese, entendo que, no tocando às nossas arbitragens, se alguma medida drástica não for tomada pelas autoridades que comandam o futebol brasileiro, em seus diferentes níveis e com a urgência necessária, no sentido de repensar e de reformular a mentalidade, a cultura e daí a maneira de atuar dos nossos árbitros, nosso futebol, com absoluta certeza, em breve espaço de tempo estará condenado ao fracasso e, definitivamente, afastado das grandes conquistas. Árbitros despreparados, arrogantes, vaidosos, querendo aparecer mais que os atletas, exibindo uma parafernália de instrumentos modernos, cronômetros sofisticados, mas são tecnicamente abaixo da crítica. Falta-lhes bom senso e, às vezes, até discernimento. A quantidade excessiva de cartões aplicados – DESNECESSARIAMENTE – aos atletas faz muito mal ao futebol. Irrita, desequilibra e vicia o jogador ao mesmo tempo. Isso vai repercutir lá na frente. O atleta viciado com cartão não vai conseguir iludir árbitros estrangeiros com suas artimanhas. O mesmo hábito nocivo que adquiriram por aqui não vai fazer efeito em um torneio internacional e menos ainda em uma Copa do Mundo.

É uma incompetência generalizada. Não são capazes de perceber o tamanho do equívoco e a extensão do dano que acarretam ao futebol. Os árbitros europeus, há décadas, já se conscientizaram que a aplicação – INDEVIDA – de cartões traz conseqüências prejudiciais ao esporte, extrapola o campo de jogo e desencadeia uma série de situações nocivas e indesejáveis ao futebol. Faço votos e torço para que nossos apitadores não estejam acompanhando os comentários daqueles quatro ex-árbitros, que agora “descolaram” uma “boquinha” nas emissoras de televisão. Se isso estiver ocorrendo, estamos fritos, porque ali, um é a cópia fiel do outro. Se alguém perguntar a um deles, por exemplo, se vai chover no Ceará, a resposta é: “ISSO É FALTA PARA CARTÃO”, ou então, “O CARTÃO FOI BEM APLICADO”, e assim vão detonando o futebol brasileiro. Lembro-me de uma partida entre Vitória x Coritiba, no Barradão-BA, anos atrás, em que o árbitro simplesmente sacou vinte e um cartões. Uma coisa absolutamente ridícula e inacreditável, passível até de um exame psicológico, tal a afetação com que “sua excelência” consumava o ato teatral. A ação nefasta desse apitador prejudicou vinte e um atletas e desempregou dois técnicos de uma só vez. A utilização excessiva dos cartões está na razão inversa da qualidade do árbitro, ou seja, quanto maior o número de cartões, mais incompetente, despreparado, inseguro ele demonstra ser. Esconde sua fragilidade através do gesto espetaculoso.

De acordo com uma pesquisa internacional a que tive acesso, o tempo de bola corrido no futebol europeu alcança invejáveis 85 minutos e a mesma revista apontava que, no Brasil, a bola não corre mais do que 52 minutos. Quem se responsabiliza por esse “estelionato futebolístico”? E as conseqüências que advêm dessa incompetência generalizada? O futebol enfraquece porque nenhum treinador consegue manter a mesma equipe no jogo seguinte, em decorrência de suspensões automáticas; os times não adquirem conjunto, o técnico não consegue dar padrão de jogo à sua equipe; o atleta se descontrola emocionalmente e é multado; compromete-se o trabalho do preparador que, com algumas derrotas seguidas, já vai “pra roça”; o clube toma prejuízo; a torcida se afasta dos estádios e, se acrescentarmos a essa multidão de motivos que mencionei, o escorchante valor dos ingressos, a falta de condução para os estádios; barrigas vazias; a inadmissível e vergonhosa redução pela metade da capacidade de público; as revoltantes e quilométricas filas que não andam; bilheterias corruptas; cambistas, etc, não precisa ser nenhum gênio para antever que motivos não faltam para que seja estabelecida a violência nos estádios. Dali “pro pau” é um pulinho.

É absolutamente indesculpável que em plena era da velocidade, onde os botões comandam quase tudo na vida, os “gênios” que mamam no futebol ainda não conseguiram criar mecanismos para agilizar e modificar esse estado de coisas. E os energúmenos que cuidam do nosso esporte ainda não tiveram, igualmente, a devida percepção dos reais motivos e o momento em que se inaugura a violência. Preferem se aprofundar nos efeitos ao invés de irem atrás das causas. Tal como o outro que, para acabar com o carrapato, preferiu matar a vaca. Isso retrata bem a insensatez dessa gente. Reduzem o tamanho dos estádios e afastam o público que mais precisa de lazer: ingressos com preços incompatíveis com a realidade brasileira; proíbem a entrada de bandeiras e faixas que tanto ornamentam os estádios; barram as fanfarras e os instrumentos musicais que alegram e fazem o tempo passar; eliminam as torcidas uniformizadas, que dão vida ao ambiente, cerceando uma manifestação cultural e afrontando o preceito constitucional de ir, vir e permanecer. Depois não querem que haja violência?

Mas o que espanta e nos causa profunda indignação nessa história toda é o silêncio horizontal e a omissão dos envolvidos. Habituado a acompanhar todos os programas esportivos mostrados pelos diversos canais de televisão, notadamente aos domingos logo após as rodadas, não vi, até a presente data, uma única figura da imprensa esportiva brasileira tocar em um só tema desses que aqui expus. Garotões bem vestidos, bem nutridos, rechonchudos, sorridentes, dentição completa, desses criados em condomínio em que a mãe leva para a escola e vai buscar, nunca andaram sozinhos ou descalços, jamais chutaram uma bola, nunca viram formiga e nem cocô de cavalo. São estes que nunca enfrentaram uma fila de 6 horas para compra de um ingresso. Hoje lá estão: locutores de TV, radialistas, jornalistas especializados, comentaristas, comandantes de mesa-redonda, apresentadores e convidados. Juntos, na mesma criminosa omissão, desde o presidente da CBF, passando por presidentes de federações, presidentes de clubes, dirigentes de segundo escalão, treinadores e atletas e mais o bando de mesmice acima já mencionado, quero que façam parte do mesmo balaio egoístico, egocêntrico e pecaminoso que não move um dedo em benefício do futebol. E vem aí uma Copa do Mundo. Já imaginaram, em São Paulo, estádios vazios e sem ornamentação? “Antes do silêncio total ainda serão necessárias muitas palavras inúteis”.

por Afonso Celso De Agostini Sóssio, ex-jogador, especial para o Blogo News